segunda-feira, novembro 19, 2007

Meu pai morreu


Dia 19 de novembro é aniversário da morte do meu pai, escrevi este texto no dia em que ele morreu:19 de novembro de 99.

Meu pai morreu. Todo pai morre. Agora estou aqui pensando: o que foi que meu pai me deixou? Apartamento?Não. Carro?Nem uma bicicleta. Dinheiro? Ele não conseguia pagar nem as próprias contas. Mas pagava a dos filhos. Roupas? Só um chinelo velho, mas meu pé é maior. Sem testamento, sem herança, sem nada? As peças. As peças de teatro? De quem são as peças de teatro? Meu pai era escritor. Escritor de teatro. Teatro? Teatro dá dinheiro. Tem gente que escreve peça pra ganhar dinheiro. Não, meu pai não. Não ganhou muito dinheiro com teatro. O que ganhou, gastou. Deu dinheiro pra muita gente. Meu pai não era um bom administrador. Era um “maldito”, diziam, um “marginal”, mas não era bandido. Por que ele era maldito, afinal? Será que não pensava nos filhos? Por que não escreveu peça pra ganhar dinheiro? “Ninguém tem direito de pedir a um artista que não seja subversivo.”. Meu pai escrevia sobre puta e cigano sem dente. Puta, cigano sem dente e cafetão. Puta, cigano sem dente, cafetão, presidiários, desempregados e fudidos. Puta e cigano sem dente? Puta, cigano sem dente e cafetão é chato, porra! Puta, cigano sem dente e presidiários não dava dinheiro. Puta, cigano sem dente e desempregados não tinha “patrocínio”. Mas eu queria tênis americano, eu queria camisa Lacoste, camisa Hang Ten.
Meu pai tinha que ganhar dinheiro. Por que ele insistia em escrever peças sobre puta, cigano sem dente, cafetão e presidiários? Ele insistia. Puta, cigano sem dente, cafetão, presidiários, desempregados e fudidos. E o ator e Jesus Cristo e nada de “comédia comercial”. Mas eu queria o meu “All Star”, eu queria ter todos os discos dos Beatles. “Pai, me dá dinheiro pra comprar uma guitarra!” E eu tive, eu tive a tal guitarra, eu comprei todos os discos dos Beatles com o dinheiro dele (depois tive que comprar tudo de novo em CD com o meu dinheiro e agora dá pra baixar de graça na internet). Calça boca fina, camisa Hang Ten. Onde ele arrumava dinheiro? Onde ele arrumava dinheiro pra me comprar tênis “All Star”? Ele achava que isso era “lixo americano”. Ele achava que essa merda importada só servia pra aumentar a nossa alienação. Meu pai era generoso. Ele não ia deixar de me dar uma coisa que eu queria, só porque ele achava que o que eu queria era imposto pela sociedade de consumo. Ele tentava me orientar, mas respeitava minha opinião de adolescente alienado. Onde ele arrumava dinheiro?
Era época de ditadura. Escrever sobre puta, cigano sem dente, cafetão e presidiários, incomodava os “poderosos”. Porra, ainda mais essa! Já escreve sobre coisa que não dá dinheiro, mas além de não dar dinheiro, ainda é proibido? “Pai, me dá dinheiro pra comprar disco do Bob Dylan!”.
Meu pai fez novela, fez Beto Rockfeller. Mas Beto Rockfeller não conta, Beto Rockfeller era A novela, tinha a cara dele, era revolucionária. Ele fazia o Vitório, o melhor amigo do Beto. Ele ganhou um dinheiro, me comprou um tênis, uma guitarra, um... Mas A novela era na Tupi. A Tupi faliu. Meu pai foi fazer novela na Rede Globo: “Bandeira 2”. Mas a Globo é no Rio, o Rio tem praia, ele cabulava as gravações e ia pra praia: “Novela é chato pra caralho, porra! O direito da gente coçar o saco é sagrado.”, ele dizia. Ele ia pra praia e lá ficava indignado porque naquela época a Globo não punha negros nas novelas e quando punha era nos papéis de escravo ou mordomo. Meu pai escreveu no jornal “A Última Hora” do Samuel Wainer, onde ele trabalhava, que a Globo botou a Sônia Braga dois meses tomando sol pra ficar escura, em vez de chamar uma mulata pra fazer “Gabriela”. A Globo não gostou. Os “poderosos” da Rede Globo não gostaram. Fizeram ameaças, juraram de morte. Em fim, a Globo não dava mais. Quando ele tava por lá, ele bem que quis escrever novela. Afinal, eu queria dinheiro pra comprar tênis, disco, guitarra. Mas novela de puta, cafetão e cigano sem dente? Não, novela de puta, cafetão e cigano sem dente não dá. Se fosse cigano com dente, musculoso e mau ator, aí dava. Agora, cigano sem dente, pobre e fudido, não dá. Então não dá. “Na televisão brasileira, artista estrangeiro morto trabalha mais do que artista brasileiro vivo.” Tudo bem, não podia fazer peça de puta porque a ditadura não gostava, não podia novela de cigano pobre, fudido e sem dente porque a T.V. não queria. Então o que que podia? Não podia nem chamar a Rede Globo de racista, nem nada. A sinopse que ele fez pra uma novela quando finalmente a Globo chamou ele, era de uma tribo de ciganos que estupravam as filhas dos empresários e...bem, não aprovaram. E as portas iam se fechando. E a ditadura ali, descendo o cassete. E eu queria o meu tênis “All Star”! “Pai, porra, pai, eu quero dinheiro pra comprar time de botão!” Mas enquanto os “poderosos” iam dizendo: Não! Não! Não! Ele ia ganhando o respeito dos humildes de coração, um “povo que berra da geral sem nunca influir no resultado”, um povo fudido, os marginais, as putas, os ciganos sem dente, os presidiários, um povo que não aparecia na T.V. “Pobre na Rede Globo almoça e janta todo dia”. Pobre na Rede Globo tem dente, favela na Rede Globo não tem rato. Esse povo não era o povo dele. O povo dele era entre outros, os sambistas, não esses de agora, de terno Armani, cercados de loiras recauchutadas, mas, os sambistas das escolas de samba de São Paulo. Os sambistas marginalizados, os que nunca gravaram CD. O Zeca da Casa Verde, o Talismã, o Jangada, o Toniquinho Batuqueiro, o Geraldo Filme, enfim, os que morrem na merda. “Silêncio, o sambista está dormindo, ele foi, mas foi sorrindo, a notícia chegou quando anoiteceu...”.
Então a solução era fazer show com os sambistas. Meu pai contava histórias e os sambistas cantavam suas músicas. Mas os sambistas eram crioulos. Negros? Negro não podia. Em plena ditadura, Plino Marcos e “a negrada”? Que papo é esse? Poder, podia, mas ninguém queria ver. “A burguesia não me quer”, ele dizia. Não podia peça de puta e novela de cigano sem dente pobre e fudido, não podia dizer que a Globo era racista e ninguém queria ver show com “a negrada”. Então o que que podia? “Pai, me dá dinheiro pra comprar figurinha do álbum Brasil Novo!”
A ditadura quando eu tinha 7 anos tava em todo lugar, em cada esquina, no meio de cada casal que fazia “amor com medo”, nos porões do Doicodi e nas torturas atrozes que muitos sofriam e eu lá: “Pai, me leva na Expoex, pai, me leva na Expoex! A Expoex é a exposição do exército! Eu quero ver os soldados, pai! Eu quero ver os tanques!” E ele me levava. Senão eu chorava. Eu chorava se eu fosse censurado e não pudesse ver a Expoex.
Quando eu tinha uns 12, 13 anos, lá estava o ônibus da escola pronto pra partir pra Porto Seguro com todos os meus amiguinhos dentro e os pais, do lado de fora, dando tchauzinho. E um amiguinho meu perguntou: “Quem é seu pai?” Eu não tive dúvida: “Meu pai é aquele!” E o meu amiguinho: “Aquele de terno e gravata? Aquele que tá conversando com o meu pai?” E eu: “É, aquele.” O meu amiguinho gritou: “Pai, esse aí é o pai do Leo!” E a professora ouviu. Não, meu pai não era aquele de terno e gravata. Meu pai era outro. Era o que todo mundo tava chamando de mendigo. Meu pai era aquele de macacão e chinelo! Gordo de macacão e chinelo! “O pai do Leo é mendigo, o pai do Leo é mendigo!” Afinal, quem trabalha tem que usar terno e gravata. Naquela época, um moleque de 12, 13 anos, era um tapado. Ou isso era característica minha? “Pai, por que você não trabalha? Pai, por que você dorme até meio dia? Pai, por que o pai do Paulinho tem carro e você não? Por que você chega de madrugada em casa? Pai, por que você anda de macacão e chinelo? Pai, me dá dinheiro pra comprar...” E o meu pai me dava dinheiro. Eu estudava em escola de “burguês”. Eu estudei nas “melhores escolas”. E olha que o meu pai odiava escola. “A cultura nas mãos dos poderosos constrange mais do que as armas; por isso, a arte e o ensino oficiais são sempre sufocantes”, ele dizia. Ele saiu da escola na 4ª série do primário. Ele era canhoto. Na escola, as professoras o obrigavam a escrever com a mão direita. Ele fugiu da escola, ele sempre foi da esquerda. Era chamado de analfabeto. Com 21 anos escreveu “Barrela!”. “Me chamavam de analfabeto, como se isso fosse privilégio meu, neste país.” Meu avô queria que ele trabalhasse no Banco do Brasil, mas ele queria é subir num banco no meio da praça e fazer números de palhaço. A família chegou até a pensar que ele fosse débil mental. Meu pai foi pro circo. Ele amava o circo. Foi ser palhaço de circo. Era o palhaço Frajola. A escola dele era o circo, a minha era escola de “burguês”. Mas como ele pagava a minha escola?
Foi preso, foi solto, ameaçado, escrevia em jornais e revistas, quase todos que existiam. Foi despedido de todos. A censura não queria meu pai escrevendo em lugar nenhum. O que fazer? Sair do país? Ele não falava direito nem o português. O que fazer? “Pai, me dá dinheiro pra comprar uma calça Soft Machine!”.
Uma vez o meu pai tava com uma dívida muito grande, tava com dificuldade de pagar as prestações de um apartamento que ele comprou pra gente. Daí um belo dia a Ford ligou pra ele, convidando pra fazer um comercial. Era uma puta grana, dava pra pagar as dívidas e ficar bem tranqüilo por uns tempos. Meu pai não fazia comercial.
Foi vender livro na rua. Nas portas dos teatros, nas portas das faculdades, nos bares. Foi vender livro na porta de teatros aonde se apresentavam artistas piores do que ele. Ele mesmo editava os livros, ele mesmo ia vender. E podia? Não. Não podia. Várias vezes ele foi expulso pelo “rapa” como um camelô comum. E ele chorava? “Perseguido, o caralho! Eu não sou nenhum mosca-morta. Eu fiz por merecer. Fui uma pessoa que aproveitou bem a fama. Eu apedrejei carro de governador, quebrei vidraça de Banco. Foi uma farra. Não teve mau tempo.” Tinha. Tinha mau tempo, mas ele não reclamava, eu nunca ouvi o meu pai reclamando da vida. Eu nunca ouvi o cara dizer que a vida tava difícil, ou que era “foda”. Não. Ele só reclamava das injustiças. Ele berrava contra as injustiças, os preconceitos, a apatia. Meu pai é o Plínio Marcos, porra! Bela merda, tem gente que nunca ouviu falar. Pra muitos era só um fudido que não deu certo na vida, andando feito mendigo pelo centro da cidade. Já morreu. Não era melhor do que ninguém. (Não?)
“Tudo se consegue com esforço; não se chega a lugar nenhum sem caminhar.”
Com 15 anos eu quis sair da escola. Ele disse: “Sai logo dessa merda, eu te sustento até você encontrar sua vocação!” Eu saí, eu saí daquela merda na metade do 1º colegial. Acho que qualquer ser humano com o mínimo de sensibilidade, sabe: o ensino do jeito que é, faz mal pra saúde.
Eu devia ter uns 17 anos, era de madrugada. Eu morava com ele. Eu tava na mesa da sala com o violão, triste, querendo encontrar a minha vocação, sem saber o que dizer, inibido, pensando em todos os artistas que eram muito melhores do que eu. Meu pai levantou pra tomar água, me viu ali, não disse nada. Foi até o escritório, voltou com um livro e leu um poema pra mim. “O corvo” do Edgar Allan Poe. Não disse nada, só leu a poesia. Não foi o conteúdo, foi o tom da voz dele, aquela voz doce que ele tinha. Ele declamava e eu ouvia como se ele me pegasse no colo. Foi dormir e me deixou ali, ouvindo o corvo dizer: “para sempre!”. Eu virei escritor, com 21 anos escrevi “Dores de Amores”. Meu pai era um incentivador, idolatrava os filhos. Queria ser mergulhador só porque o Kiko, meu irmão, é. A Aninha, minha irmã, era tudo pra ele. Eu fiz vários shows com ele, pelas faculdades, pelos teatros, pelos bares. Ele contava histórias e eu tocava violão. Meu pai era generoso, violento, essencial, amava, amava tanto as pessoas que chegava mesmo a odiá-las. Lutava, berrava e me acordava. Meu pai não me deixou apartamento, carro, dinheiro, bicicleta. Nem o chinelo dele me serve. Eu tive e tenho que ganhar o meu próprio dinheiro. Até hoje, muito pouca gente quer montar as suas peças e muito pouca gente quer assistir. Meu pai já não precisa mais vender livro na rua, pra quem não quer comprar, ou pra quem compra só pra “ajudar”. O que eu mais queria é que ele me ouvisse agora: “Pai, você não me deixou nada que se possa enxergar. Nem carro, nem apartamento, nem bicicleta, nem chinelo. Me deixou a sua indignação, um pouco do seu temperamento, a lembrança de ver você acordando todo dia com uma puta força de vontade, com uma puta vontade de viver, sempre alegre, sempre fazendo piada das próprias desgraças, sempre dando tudo que ganhava pros filhos, sem nunca acumular porra nenhuma.” E se ele me escutasse ele diria, com um sorriso malandro sem dentes, segurando as lágrimas: “Ê, Leo Lama!” Meu pai não sabia receber elogios. Mas se ele me ouvisse agora, eu diria:
Pai, eu preciso te contar, no seu velório foi muita gente, pai. No seu velório, estiveram os maiores artistas do país. Médicos, políticos, advogados, empresários, fãs, gente do povo, crianças e os sambistas. Os sambistas cantaram sambas em sua homenagem, pai. Suas mulheres, seus amigos, seus inimigos, todos nós, todos nós te aplaudimos quando o seu caixão foi colocado em cima do carro de bombeiro. Eu tava segurando uma aba, o Kiko outra. Você foi cremado, pai. Seus amigos fizeram discursos emocionados, disseram: “Plínio Marcos, um grito de liberdade!” Nós jogamos suas cinzas no mar de Santos. Na ponta da praia, onde você passou sua infância. O Jabaquara, seu time, ficou na porta do pequeno estádio, uniformizado, com a mão no coração, vendo o cortejo passar. O povo na areia batia no surdo e entoava um canto mudo no crepúsculo santista e nós no barco deixávamos você escorrer pelos nossos dedos como se você nem tivesse existido. Eu ainda quis te achar no meio do mar, mas de repente já era só o mar. E você foi, como todo mundo vai.
É isso aí, pai: tanta gente te amava. Você sabia? Acho que ninguém te amou tanto como a minha mãe. O amor dela ecoa
em mim.
Mas
, e eu, pai? E eu? Será que eu vou ter a mesma fibra que você? Eu não gosto de viver como você gostava. Eu não tenho a sua coragem. “A poesia, a magia, a arte, as grandes sabedorias não podem habitar corações medrosos.” Eu acho que eu vou me vender, pai, eu acho que eu já sou um vendido. Eu só queria ser essencial, essencial como você. É difícil. Eu reclamo. A vida tá uma bosta! Tá difícil de encontrar pessoas essenciais, pai. As pessoas só falam e pensam no que é supérfluo. Eu não tenho assunto. Eu me sinto sozinho. Eu não sei sobre o que escrever. O mundo tá se destruindo, tem muita gente fudida, tem muitas festas e muita fome. Que indecência, pai, que vergonha que eu sinto desse tempo que eu vivo. Eu sei que você não tem saco pra choramingo, pai, mas me deixa desabafar, pai, só hoje, me deixa te falar sobre o sonho dessa gente, você sabe, essa gente, os “homens-pregos”, fixos no mesmo lugar. Essa gente quer ter carro, pai, casa com piscina, essa gente quer ser rica e famosa, essa gente quer ser musculosa e quer ter bunda, essa gente diz que acredita em Deus e fode ele, essa gente não quer ser essencial, pai, essa gente... essa é a minha gente, pai, às vezes eu me olho no espelho e me acho parecido com essa gente. Me perdoa.

Um beijo do seu filho, Nado, que ainda usa o nome artístico que a gente inventou juntos: Leo Lama.

29 comentários:

Breno Leite disse...

Lindo texto.Plínio Marcos, macuqueiro da baixada, tá sempre aqui, passando amor, sensibilidade e indignação contra a covardia dos poderosos.

Anônimo disse...

O que eu tenho que fazer pra estar entre os eleitos do seu coração?

Anônimo disse...

Vou te contar uma. Meu pai, um pai bem assim, cheio de instantes oblíquos, como o teu, fazia faculdade pública depois dos 40 (que meu pai teve que fazer supletivo e comer muita polenta pra conseguir fazer curso superior). Era a FATEC, ali no Brás. Um dia, depois da aula, ele viu um cara vendendo livros. Foi até lá, pq meu pai estava descobrindo que havia um mundo de letras a ser desvendado, e comprou. Depois de pagar, o cara que vendia os exemplares pegou o livro e assinou: Plínio Marcos. Essa foi uma história da minha infância, o livro virou relíquia na nossa casa no ABC (quando eu era do ABC e achava que eu viraria uma grande mulher, mas eu me vendi, uma vendida quase feliz e quase digna, mas vendida, inevitavelmente). Anos mais tarde, já dona de alguma vontade, eu li tudo do teu pai e encenei algumas coisas do teu pai, pq a adulta que eu fui até os 20 e poucos achava que podia ser atriz, fazer a revolução e ter dois filhos. E meu pai, da platéia, achou bonito, um novelo de lã que iniciou lá nos meus 4, 5 anos e só fez crescer, enrolado por histórias das histórias que ele me contava. E, assim, teu pai e o meu pai se misturam um pouco na minha vida, com o mesmo orgulho, a mesma paixão. Então, sei lá, obrigada.

Anônimo disse...

Seu pai tem um filho a altura.

christina disse...

Leo, difícil dizer alguma coisa após ler um texto tão intenso...uma confissão...uma revelação...uma declaração de amor...
Quando te "encontrei" por caminhos virtuais, não sabia filho de quem era...mas algo em você me atraiu.Depois, aos poucos, lendo seus textos, percebi quanta riqueza herdou e como conseguiu multiplicá-la, coisa que muitos não são capazes.
Meu pai, também falecido, não foi notório como o seu. Foi fraco e forte ao modo dele...Sinto que poderia ter dito e feito muitas coisas antes dele partir...mas ele se foi, muito rápido e em silêncio, assim como veio. Tento aproveitar sua "herança"...
Sou inquieta...sempre fui. Sempre preferi ler pessoas a livros. Hoje leio mais livros que pessoas.Mas livros também são pessoas...que mais escutamos e desenvolvemos diálogos imaginários com elas...
Sei lá...tô viajando...Minha filha , agora a pouco, envolvida com o vestibular, discutíamos sobre a prova da Unicamp e sobre dissertações e viagens...Ela comentou: Você é boa nisso! Perguntei : Em quê? Dissertações ou viagens? Ela disse: viagens...
Viajei, Leo...com seu texto sobre seu pai, com meu pai, com as perdas que tive e que temos a cada dia. Mas há ganhos, claro! Tem que haver. Te conhecer foi um deles.
Um beijo carinhoso.

Anônimo disse...

Dias atras eu li, vi e ouvi uma entrevista onde seu pai deixou desorientado o entrevistador.Este, sabia pouquíssimo sobre seu pai e menos ainda sobre voce. Quando o cara comentou sobre a "estréia", do filho, o pai virou "bicho" e passou a falar sobre o trabalho do talentoso filho, com paixão esplosiva e as perguntas pré formuladas ficaram esquecidas, sem respostas. Ele não deu a mínima para aquelas perguntas.
Pessoas semelhantes a seu pai são lembradas para sempre; são capazes de transformar em ações o que muitos apenas pensam.
Chorei ao ler seu texto e imaginar a cena de um filho escrevendo sobre o pai no dia em que ele morreu. Não consigo imaginar esta dor.
Costumo dizer que sou covarde; gostaria de morrer primeiro para não ver quem amo morrer, mesmo crendo piamente na vida eterna.
Voce escreve de forma agradável sobre qualquer tema. É genético ou foi a convivência?

Anônimo disse...

Salve, Leo. Lindo texto, cara. Vou colocar em meu blog, com crédito e o que manda o figurino. Abração

Anônimo disse...

Emoção pura!!
Cresci ouvindo que seu pai era um gênio...Seu texto aperta o coração da gente.

Um abraço no filho do genial Plinio Marcos.
Taís

Anônimo disse...

Pois que coincidência!
: Morreu também neste dia - o Guimarães Rosa: meu Farol de radiâncias.- 19 de novembro de1967...
Luto?
Digo pois o que de Rosa ressoa em mim:
... Quem morre fica encantado... (... pois, não?)
Ouvi nos teus ouvidos de Poe o eco do encantamento:
"Para sempre".
Eu, num sussu-de-consolo escrevo à você, como ele à Clayson:
"Vamos em frente!"

Editora PolkaDots disse...

Teu texto está em http://teatroribas.zip.net . Eu acabei deixando minhas palavras por lá. Deixei também um abração p/ vc. Talvez lembre da Andréa do http://querocultura.wordpress.com que passou por aqui buscando inspiração sobre "Camino". Como deixei escapar "Adeus aos casais"?

Chico Ribas disse...

Grande Leo. É um lindo texto. Me emocionei lendo suas palavras. E tomei a liberdade de colocá-lo no meu blog(www.teatroribas.zip.net).
Vou Linká-lo lá tb. Ah, eu sou o Chico do seu orkut.
Abraço

Anônimo disse...

Olá!Li seu texto no blog do Bortolotto.E o que eu tenho a dizer é que é um lindo texto.Tenho certeza de que seu pai deve estar muito orgulhoso.Admiro muito o trabalho de seu pai...Não o conheci infelizmente...Mas, já ouvi e li muitas histórias sobre ele,e conheço pessoas próximas a mim que o viram vendendo seus livros pelo centrão...Bem, ficou aí para nosso deleite a grande obra de Plínio Marcos.Abraços

Maria Clara Spinelli disse...

queria te dar um abraço também

Anônimo disse...

Teu pai cumpriu a missão nessa vida quando fez você. Qual filho escreveria um texto desse para um pai???? Adorei... e disse isso... pra todo mundo ouvir!

PIEVE ARTES disse...

É muito bom poder ter uma Pai pra gente se orgulhar dele...
Eu infelizmente não tive esse privilégio...
Maravilhoso seu texto Leo!!!!

bjs
Mara

PIEVE ARTES disse...

É muito bom poder ter um Pai pra gente se orgulhar dele...
Eu infelizmente não tive esse priveilégio...
Maravilhoso seu texto Leo!!!!

bjs
Mara

Anônimo disse...

Olha rapaz,
eu como filho e pai, me emocionei muito com sua confissão. Foi um custo lê-la sem deixar que lágrimas me traíssem no meu ambiente de trabalho! Porém o comentário de uma leitora (Giovana) dizendo que de alguma forma, seus destinos foram encontrados pelos seus pais 'me derrubou'.

Me remeteu ao livro 'Galápagos' do Kurt Vonneguth.

E as lágrimas desceram sem pudores! Livres como a cabeças desses heróis de carne-e-osso, das nossas vidas!

Joedson Silva disse...

Um fôlego! Me faltam as palavras.
Estou postando o seu texto, com todas as indicações de autoria no meu blog (http://vivoemcena.blogspot.com/2009/10/meu-pai-morreu.html).

Isadora disse...

Olá Nando,
Meu nome é Isadora, tenho 14 anos. Perdi meu pai a menos de um mes e estava procurando alguma coisa na internet pra me ajudar.Seu texto foi a melhor coisa que eu li! Tanta gente choramingando e é bom achar uma pessoa que pensa desse modo e sabe que o pai não gostaria de ver os filho choramingando. Obrigado pela ajuda, mesmo que inconciente.

João da Silva disse...

Muito bonito esse texto. Me emocionei muito. Também trabalho vendendo meus quadrinhos em portas de teatros, pontos de ônibus e universidades. Se escrevo, é porque aos 13 anos meu pai me deu o Querô pra ler. Aquela versão da capa preta. Tenho ilustrado alguns textos que acho importante divulgar. Farei um zine com sua carta.
Abração
João da Silva
miseriahq.blogspot.com

Sonekka disse...

Cáspita! Eu nunca tinha lido isso!
Vou fazer um musica disso!
Aceita ser meu parceiro?

Unknown disse...

Leo, se vc não é "essencial" como o Plínio, o que é você? Teu pai teria um puta orgulho da sua verdade, da sua integridade, da sua... Essência.
Fique na Luz.

Arquitetando a vida disse...

Léo,

pai bom é assim

beijos

Ieda

Tu Gurgel disse...

Leo...
Antes da Pri me chamar pra trabalhar com você confesso que não te conhecia...não tinha a menor idéia de quem vc era... Aceitei pela oportunidade de entrar no mundo do teatro através do figurino....
Hoje, vejo a sorte imensa que tive!! Eu não somente tenho a oportunidade de trabalhar no teatro, mas como de trabalhar com você!! Espero estar pelo menos na altura dos seus joelhos...
Alguém capaz de escrever uma carta como essa é capaz de fazer a diferença.....eu acredito seriamente nisso....

Obrigada,
Um beijo
Thais Gurgel...
(Sua figurinista)

PS: Não surta...as peças tão quase prontas!!!

Sonia Andrade disse...

Querido, grande Léo.
Grande homem, seu pai.
Grande texto, o seu.
E grande a infância cheia de diferenças, cujos frutos voce colhe agora, porque voce é mesmo diferente e assim é que bom. E talentoso e tudo mais.
E tem o grande túnel, lá na estrada, que é metáfora mais simples da travessia.E do momento de refletir.
E fodam-se os que não entenderam nada.
Grande beijo.

Flávia Naves disse...

não te conheço mas te enxerguei inteiro. Você é poesia pura, você é um coração feito de amor. O seu pai era um príncipe e você herdou o seu castelo. Castelo feito de pessoas e palavras puras, pessoas e palavras simplesmente vivas.
o seu pai sabia o valor da vida.
um abraço

Sergio Antiqueira disse...

Caro Leo,
publiquei seu texto "Meu pai morreu" em meu blog:
http://sindsepforte.blogspot.com/2010/06/heranca-de-plinio-marcos.html
recebi um comentário dirigido a você e por isso o transcrevo aqui para que possa dar o devido retorno. Grato

"Léo, irei apresentar uma monografia, e estudei Plínio Marcos, e a peça "O Abajur Lilás". Da raiva saber o contexto político-social nas décas de 60 e 70. Adoraria poder ter feito uma entrebista contigo, seu pai era genial. Samara (samaragabriela@hotmail.com)"

Anônimo disse...

A gente só leva dessa vida o que a gente deu...

Angela Regina

Malu Pedarcini disse...

Leo, parabéns pelo texto emocionante. Me levou as lágrimas, pois tive o privilégio de conhecer seu pai quando ele vendia seus livros em uma banquinha em frente a universidade em que eu estudava. Gostava de conversar com ele, do seu bom-humor que me fazia rir as gargalhadas.
Fiquei tão triste quando ele morreu, pois perdemos um grande cara, uma cabeça evoluída, fantástica.
Também tenho um blog de notícias e já escrevi sobre ele e tomei a liberdade de reproduzir o seu texto que é lindo, uma declaração de amor.
Veja os links abaixo:

http://gazetamaringaense.blogspot.com/2011/04/declaracao-de-amor.html

http://gazetamaringaense.blogspot.com/2009/10/plinio-marcos-o-bendito-maldito.html

Abraços!

Malu Pedarcini